quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Consciência negra

 

Consciência negra: valorizar a identidade

 Aprenda a valorizar a cultura negra em casa e na escola

Dia da Consciência Negra

O que é o Dia da Consciência Negra? Celebrado no dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra  Zumbi dos Palmares, ele é dedicado à reflexão sobre presença do negro na sociedade brasileira. O Dia da Consciência Negra sinaliza a ideia do marco, marca o valor da conquista da liberdade deste grupo,

O dia da Consciência Negra também põe em pauta a importância de discutir a temática negra na escola. A inclusão de assuntos ligados à África e ao povo negro na educação formal é uma das estratégias para reconhecer a presença desse grupo na história do Brasil - os negros correspondem a 6,8% da população brasileira segundo o IBGE, mas os chamados "pardos" chegam a um número próximo da metade da população brasileira. Não à toa, escolas e instituições diversas já reconhecem a importância de trabalhar a cultura negra em seu dia a dia.

Hoje, a lei brasileira obriga as escolas a ensinarem temas relativos à história dos povos africanos em seu currículo. Além disso, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) estabelecem que a diversidade cultural do país deve ser trabalhada no âmbito escolar. "A sociedade em que vivemos valoriza outro estereótipo, o que resulta na invisibilização do negro. Isso tem um efeito bastante perverso: as crianças negras nunca se vêm e o que elas olham é sempre diferente delas", explica Roseli, que coordenou o grupo responsável pelo documento sobre Pluralidade Cultural nos PCNs. "A pluralidade cultural é um tema que pode ser abordado de forma transversal, em várias disciplinas", conclui. Estratégias simples, como a introdução de bonecas negras, podem ter um efeito positivo para reforçar a identificação cultural dos alunos negros. "Revelar a África pela própria visão africana também surte efeito. O continente produz cultura, histórias e mitologia, o que a perspectiva eurocêntrica não nos deixa ver", diz Oswaldo de Oliveira Santos Junior, pesquisador do Núcleo de Educação em Direitos Humanos da Universidade Metodista de São Paulo.

Veja a seguir como pais e professores podem fazer sua parte na valorização da Consciência Negra.

Leia mais: Filme que traça panorama da história dos negros no Brasil ajuda professores a abordarem a cultura africana na escola
Para ler, clique nos itens abaixo:
Um exemplo de trabalho de valorização
O projeto "Um Pouco de Nós, Um Pouco da África", desenvolvido há cinco anos na Escola Estadual Bibliotecária Maria Luisa Monteiro da Cunha, de São Paulo, por exemplo, estimula os alunos do ensino fundamental I a refletirem sobre suas origens, abordando questões que vão muito além da escravidão. A iniciativa valoriza a oralidade e a arte africana a partir do resgate da cultura do continente e da discussão de sua contribuição para a formação da identidade cultural brasileira. Durante o trabalho, os professores familiarizaram os alunos com a literatura africana e incentivaram a leitura e a escrita. "As crianças confeccionaram bonecas negras, o que foi um tiro certeiro. A partir delas, eles criaram histórias e, ao levar as bonecas para casa, envolveram as famílias no trabalho", conta Lurdes Ribeiro, coordenadora da escola, que tem aproximadamente 50% de alunos negros e pardos. Após cinco anos, o resultado é, segundo Lurdes, uma valorização dos negros enquanto cultura e etnia. "Alunos que não se assumiam negros passaram a se assumir. E quem não é negro passou a valorizar essa cultura da qual fomos privados por tanto tempo". O projeto finalista do 4º Prêmio Educar para a Igualdade Racial, organizado pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert).
Consciência negra no espaço
Além de inserir a questão da igualdade racial no currículo e nos temas debatidos em sala de aula, transformar o espaço da escola é uma boa maneira de construir uma identidade que inclua os negros. No Colégio Vértice, em São Paulo, o Projeto África mudou a cara da escola no sábado, 7 de novembro. Depois de um ano inteiro trabalhando com o tema África, os alunos organizaram um Safári Cultural, uma exposição interdisciplinar aberta ao público com enfoque em aspectos distintos da cultura brasileira e da cultura afro-brasileira. "Os alunos estudaram temas relativos ao passado e ao presente da África e expuseram os trabalhos do ano inteiro", conta Adilson Garcia, diretor da escola. Apresentações de música e dança e palestras também fizeram parte do Sáfari. "Quando se fala em África, vem todo um preconceito, um desconhecimento. Por isso, é preciso mostrar visualmente a diversidade cultural do continente", completa Garcia.
Consciência negra nos materiais didáticos
A oferta de materiais didáticos que contemplem o negro já foi bem pequena, mas tem crescido nos últimos anos. "Ainda é preciso usar muito material alternativo, mas a oferta tem crescido gradativamente, principalmente entre as grandes editoras", afirma Antonio Carlos Billy Malachias, coordenador do Programa de Educação e Políticas Públicas do Ceert. Finalista da 4ª edição do Prêmio Educar para a Igualdade Racial, a professora Ellen de Lima Souza, da Escola Orbe, de Marília (SP), utilizou o livro O Menino Marrom, de Ziraldo, para tratar o tema da igualdade racial nas turmas de Educação Infantil. Os alunos reconstruíram a personagem confeccionando um boneco em sala de aula e criaram finais diferentes para a história de Ziraldo. Como resultado, a temática das relações étnico-raciais passou a ser mais valorizada na escola como um todo. Assim como livros, também há jogos e brincadeiras que podem ser usados para ampliar os conhecimentos dos alunos sobre a cultura africana. Um dele é o yoté, um jogo de estratégia muito popular na região oeste da África que desenvolve o raciocínio e a capacidade de observação.
Consciência negra no conteúdo
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)) estabelecem que a diversidade cultural do país deve ser trabalhada na escola. Além disso, a lei brasileira obriga as escolas a ensinarem temas relativos à história dos povos africanos. "A pluralidade cultural é um tema que pode ser abordado de forma transversal, em várias disciplinas", explica Roseli Fischmann, que coordenou o grupo responsável pelo documento sobre este tema nos PCNs. Há muitas possibilidades para enriquecer o aprendizado por meio da inserção da cultura negra africana. "Uma das estratégias no ensino fundamental e médio é revelar a África pela própria visão africana", diz Oswaldo de Oliveira Santos Junior, pesquisador do Núcleo de Direitos Humanos em Educação da Universidade Metodista de São Paulo. "Nesse sentido, trabalhar mitos de fundação africanos surte muito efeito, pois isso mostra que a África tem uma histórica contada por ela mesma", completa. Além dos mitos, é possível explorar aspectos históricos, como a contribuição dos negros na alimentação do Brasil e sua influência nas palavras da nossa língua. Revelando aos alunos a riqueza da cultura africana para além dos estereótipos é possível combater preconceitos dos alunos brancos e reforçar a auto-estima dos estudantes negros. Apesar da obrigatoriedade e da multiplicidade de enfoques, a visão europeia ainda predomina em muitas das escolas brasileiras. Prova disso é a quase inexistência de bonecas negras na Educação infantil ou quantidade limitada de livros infantis e infanto-juvenis que trazem negros como protagonistas. "Isso tem um efeito bastante perverso: as crianças negras nunca se vêm e o que elas olham é sempre diferente delas", explica Roseli. Ainda que a lei obrigue a escola a valorizar temáticas de origem africana, ela é solenemente ignorada na escola, acredita Oswaldo, da Metodista. "Toda história sobre a África é feita com representações eurocêntricas, a partir de um viés europeu. Isso favorece preconceitos e a invisibilidade dos povos africanos", explica.
Consciência negra no dia 20 de novembro
O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. Trata-se de um feriado facultativo, mas mais de 400 cidades brasileiras já aderiram, segundo a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR, do governo federal. A escola pode fazer sua parte, assinalando que se trata de mais que um mero feriado e sim de uma conquista importante para uma parte representativa da população brasileira - os negros correspondem a 6,8% da população brasileira segundo o IBGE. Os chamados "pardos", no entanto, chegam a um número próximo da metade da população. "O dia 20 sinaliza a ideia do marco, marca o valor da conquista da liberdade deste grupo", explica Roseli Fischmann. A lembrança de temáticas relacionadas à cultura negra deve estar presente no decorrer de todo o ano letivo, como preveem os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e a legislação brasileira. "Não podemos limitar a história da África a um dia ou uma parte do ano. Vejo o Dia da Consciência Negra como ápice do trabalho feito o ano todo", diz Oswaldo de Oliveira Santos Junior, pesquisador do Núcleo de Direitos Humanos e Educação da Universidade Metodista de São Paulo. Para ele, comemorar a data na escola com festa e com música, depois de um período de preparação, pode ser uma boa iniciativa para criar espaços de igualdade entre os alunos e reforçar a importância da efeméride. "Comemorar é trazer à memória, celebrar a memória de forma comunitária", acrescenta.
Consciência negra na lei
Em 2003, a lei nº 10.639/03, tornou obrigatório o ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira em todas as escolas de ensino fundamental e médio do país. A imposição se aplica a instituições públicas e privadas. A partir da sanção dessa lei, as escolas brasileiras passaram a ter que implementar o ensino da cultura africana, da luta do povo negro no país e de toda a história afro-brasileira nas áreas social, econômica e política. O conteúdo deve ser ministrado transversalmente, em todo o currículo escolar, com ênfase nas áreas de História Brasileira, Educação Artística e Literatura. "Essa lei é uma reivindicação muito antiga e altera a Lei de Diretrizes e Bases", afirma Roseli Fischmann, coordenadora do grupo responsável pelo documento sobre Pluralidade Cultural dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), professora da USP e da Universidade Metodista de São Paulo. "A legislação faz justiça à contribuição que esse grupo esquecido, mas importante, deu ao país", explica ela, que também é expert da Unesco para a Coalizão Internacional de Cidades contra o Racismo e a Discriminação. Segundo Roseli, a lei é um passo importante para o reconhecimento presença histórica dos negros no Brasil e no combate ao racismo. "Uma das formas de discriminar um grupo é silenciá-lo, tornando-o invisível. Isso aumenta o desconhecimento e estimula o preconceito e ignorância".
Consciência negra na literatura infanto-juvenil
 
Texto:Bruna Nicolielo, Marina Azaredo e Mayra Raizi

Sugestões de Atividades

 Educação das Relações Étnico- Raciais
Esta apostila foi organizada pela equipe da Diretoria de Temáticas Especiais e apresenta uma série de sugestões de atividades, de indicação de filmes, vídeos e bibliografias que procuram se adequar aos níveis e modalidades de ensino aqui tratados em sua relação com a História e Cultura africanas e afro-brasileiras e com a temática étnico-racial. 



Vídeos para consciência negra


Biblioteca Virtual

  No portal do CRV da SEE/MG novos módulos didáticos sobre Cultura Africana:

História e prática da Lei 10.639/03
Introdução à História e Cultura Africana - parte 01
Introdução à História e Cultura Africana - parte 02
Os tempos e os espaços no estudo da História Africana
A capoeira como patrimônio imaterial - parte 01
A capoeira como patrimônio imaterial - parte 02
Biografias e positivação de memórias afro-brasileiras na escola – parte 1
Biografias e positivação de memórias afro-brasileiras na escola – parte 2

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 20 de novembro - Eis um ótimo momento para o professor discutir o assunto com os alunos e com outros educadores

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